Rolling Stones abertura Ultraje a Rigor / Maracanã / RJ
23/02/2016 17:28
Por Henrique Inglez de Souza
Fabian (Clair Brothers) show com Ultraje a Rigor no Maracanã Disse palavras que me faz cada vez me aperfeiçoar no meu...
Publicado por Flávio Decaroli Sani em Quarta, 24 de fevereiro de 2016
Maracanã / Ultraje a Rigor/ Rolling Stones
Publicado por Flávio Decaroli Sani em Domingo, 21 de fevereiro de 2016
Publicado por Flávio Decaroli Sani em Domingo, 21 de fevereiro de 2016
Foi assim!
Publicado por Flávio Decaroli Sani em Sábado, 20 de fevereiro de 2016
24 de fevereiro de 2016
Ultraje a Rigor: Roger fala de abrir para os Rolling Stones e da polêmica no show
Por Henrique Inglez de Souza
Ainda reverbera a primeira parada da turnê brasileira dos Rolling Stones, no Rio de Janeiro (20/02, Estádio do Maracanã). Não apenas por conta dos icônicos britânicos, mas pelo desentendimento ocorrido na performance do Ultraje a Rigor. O quarteto paulistano era uma das atrações de abertura, juntamente com o Doctor Pheabes, e logo no início do repertórioRoger Rocha Moreira pôde ser visto discutindo com alguém na plateia. A confusão teve a ver com as suas convicções políticas. O episódio virou polêmica na internet depois da reação do músico à cobertura publicada por um grande jornal de São Paulo. Resolvemos, então, saber do próprio o que houve.
Eu suporia sensacional o show de abertura para os Stones, não fosse a polêmica que circulou na internet. Fale do saldo positivo da experiência.
Eu topei fazer o show pelo privilégio de talvez poder conhecê-los, o que realmente aconteceu. A oportunidade de abrir para uma banda tão seminal e que significa tanto, não só para mim como para toda a história do rock, vale mais do que qualquer coisa. Foi surreal vê-los juntos, de perto, conversar com eles. Sim, sua equipe de palco é de uma grosseria desnecessária, mas seu gerente de palco acabou vindo pedir desculpas pela estupidez de seu pessoal. Disse que não é o normal etc.
Quanto à falsa manchete da Folha – de que fomos vaiados, que ninguém viu o show por causa da chuva e que eu xinguei a plateia –, atribuo isso à má vontade que a esquerda tem comigo justamente por não ter como defender este governo ou sua filosofia. Então, atacam o mensageiro. Mas a performance foi ótima!
Já chegou a imaginar que pudesse abrir para os Rolling Stones mais de 30 anos depois de formar o Ultraje?
Quando começamos, não pensava nem que pudesse estar na posição em que estou hoje. Nem era a intenção. Hoje em dia sim, já que eles nos visitam frequentemente. Por que não? Mas conhecê-los foi surreal. Foi como conhecer 50 anos de história de uma vez. O melhor foi como fomos escolhidos, indicados pelo Lucas, filho de Jagger. O próprio Mick pesquisou sobre nós e nos escolheu. Isso, eu não poderia imaginar jamais! Explicando a ligação, o Lucas já tinha visto nosso show em uma festa, e o irmão do Mingau [baixista do Ultraje a Rigor] dá aulas de tênis a ele.
O dia do show, até pisarem no palco para valer, foi tenso?
Para mim, desde que soube que abriria o show foi tenso. Noites mal dormidas, muita ansiedade. No próprio dia, não tínhamos informação nenhuma de quando iríamos passar o som, o que acabou nem acontecendo. Havia a agenda de que os Rolling Stones passariam o som a partir das 13h e depois (o “depois” era bem vago), o Doctor Pheabes e nós passaríamos o som ao mesmo tempo (?). Tivemos cerca de 10 minutos, já às 19h10, com a equipe deles encrespando com tudo. Não podia tocar uma música inteira, não podia cantar, não podia perguntar por quê.
Você disse que a produção dos Stones, gringa, tratou o Ultraje a Rigor como “lixo”? O que fizeram à banda?
Bom, esse tipo de coisa: não conversavam, não respondiam às nossas perguntas e, literalmente, nos enxotavam do palco com gestos e frases monossilábicas, do tipo “no, no, no”, “everybody out”, “we’ll let you know” – e até gestos de “xô”. Um horror!
O Ultraje parece não ter muita sorte com produtores gringos no Brasil, hein? Em 2011, houve aquela puta confusão com o pessoal do Peter Gabriel...
Sim! E também tive uma discussão com o empresário do Faith No More quando eles estiveram no programa [The Noite com Danilo Gentili, do qual o Ultraje a Rigor é a banda]. Ninguém ficou sabendo. Essas coisas chamam muito a atenção por serem com estrangeiros mundialmente famosos, mas foram sempre pelo mesmo motivo: falta de respeito e ignorância desses estrangeiros. Nas três vezes, vieram me pedir desculpas, pois eu estava certo. Não entendo como os outros aguentaram isso. Mas não é a regra. Encontramos diversos estrangeiros famosos, como Jon Anderson e CJ Ramone (tocamos com ambos), além de atores ou músicos que agiram como seres humanos normais.
E os próprios Rolling Stones, se manifestaram em relação ao que disse sobre a produção deles?
Eles próprios, não. Nem sei se souberam, e não iríamos desperdiçar o nosso momento com isso, ainda mais depois que seu gerente de palco nos pediu desculpas. Se não tivesse pedido, poderia alertá-los, afinal não é bom para a banda que seus empregados prejudiquem sua imagem.
No Brasil, a internet colabora bastante com aquela coisa do “telefone sem fio”, ou seja, um fato vai sendo espalhado e ganhando novas caras e versões. O que, afinal de contas, aconteceu entre o Ultraje a plateia?
Absolutamente nada. O que aconteceu foi entre mim e um cara que me chamou de coxinha. Mais tarde, soubemos, inclusive, que era fã e que me chamou assim para encher o saco. Usei o posicionamento do cara para xingar o PT e não a plateia. Mas a Folha achou por bem distorcer a coisa. Estamos pedindo retratação. E tem, claro, aqueles que vão sempre me xingar por causa de minha posição, que não é nem política; é uma questão de caráter e de inteligência. O socialismo não funcionou na maior parte das vezes em que foi experimentado, e eu sei que pode ser melhor e que o caminho não passa por um salvador da pátria.
Esse episódio todo, que ainda rende caldo, dá liga para uma nova música? Que tal?
Não é mais o meu objetivo. Já disse diversas vezes e de diversos modos qual é o meu pensamento. O problema do Brasil é a mentalidade do brasileiro, pobre ou rico. Não há interesse político em mudar essa mentalidade. Daqui para a frente, deixa de ser uma provocação divertida. Só se eu passar a xingar abertamente, e não é o caso. Não critico para agredir, mas para provocar, para melhorar. Esse é um dos problemas, essa autoestima falsa. Temos que nos conscientizar de que estamos errados, que temos muitos defeitos, e começar a trabalhar na questão. Fazer isso, e não ficar com esse papo ufanista babaca de que “nós somos amigáveis”, “nós somos corajosos”, “nós somos alegres”. Nós estamos é muito atrasados, isso sim!